KBELA

Ato de resistência

 

Exibido no programa Mulheres Negras – Mergulho Ancestral, “Kbela” é um filme de empoderamento das mulheres negras, a política por detrás dos cabelos

crespos, como um ato de resistência contra o embranquecimento, na procura por características caucasianas. Dirigido por Yasmin Thayná, foi selecionado para o 46° Festival Internacional de Cinema de Roterdã (IFFR), na mostra “Black Rebels”.

O documentário em si é um ato de resistência, contendo no todo mensagens simbólicas sobre a etnia negra. Nota-se isso não só nos cabelos crespos das mulheres negras, mas também nos figurinos, que fazem uma apologia às vestes das mulheres africanas. O uso do turbante como um dos acessórios de figurino não é uma simples peça do guarda-roupa; ao vesti-lo, a mulher negra está usando algo pertencente à sua cultura, em uma luta simbólica contra o racismo e os padrões da cultura europeia predominantes no país.

Apesar de o Brasil ser considerado o país das misturas, no qual convivem várias etnias, é um país (não de todo) racista. O racismo, que antes era oculto, atualmente tem se feito escancarar, o que é trágico.

A cena em que Isabel Zua está chorando, consecutivamente à cena em que ela está com um saco na cabeça, muito no diz, apesar da falta de diálogos. O racismo já está tão implantado no inconsciente da sociedade, através de inúmeras formas, que sua devastação arranca lagrimas.

A cena mais famosa do filme é aquela em que a mesma Isabel se esbranquiça, para depois, com o auxilio da montagem, se desembranquiçar. O embranquecimento da mulher negra que está em busca de características caucasianas é trazido, no enquadramento, de maneira poética e simbólica.

Um ponto questionável do filme é: até que momento o documentário irá continuar sendo um filme não-ficcional? Pois “Kbela” oscila entre o verídico e o ficcional.

(Vanessa Karina de Oliveira)

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