A essência do “bullying”

Em uma época em que se fala tanto em violência gratuita, pensa-se muito na violência física e se esquece da psicológica. Mas, como dizem: às vezes uma palavra doi mais do que um tapa.

Faz um tempo assisti ao documentário “Amor?”, de João Jardim, e logo em seu começo uma senhora diz que cometeu muita violência contra seu marido; não bateu nele, mas fazia com que ele se sentisse um nada. Se alguém pode fazer com que um adulto tenha baixa auto-estima, o que se pode dizer quando tratamos de crianças?

“L”, de Thais Fujinaga, tem um clima tenso trazido pela personagem principal, Teté, uma garotinha de 11 anos, que tenta se afastar das pessoas, como se essa fosse uma forma de evitar o sofrimento, mas em nenhum momento mostra ser feliz com isso, até que conhece um garotinho que não a deixa em paz e eles acabam se tornando amigos.

É uma obra bonita: ao mesmo tempo em que deixa aflito o público por certo desequilíbrio de Teté, mostra também que a amizade, ou o que Michel Maffesoli chama de “prazer de estar junto”, pode ser importante para superar os percalços da vida, por ser essencial para nós humanos termos com quem dividir nossos problemas, alegrias, sabendo que a pessoa ao lado irá nos compreender.

Muitas vezes os pais se preocupam se o filho está apanhando na escola e não levam em conta os apelidinhos, a exclusão dos colegas, entre outros fatores que podem vir a ser predominantes para definir o que a criança irá se transformar quando adulto. Além de bem feito tecnicamente, “L” consegue passar para o público muito bem a essência do “bullying”. (Henrique Gois de Melo)

“L” está na Mostra Brasil 3.

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