ANIMAIS

O que é ser humano?

O problema de uma fábula é que ela corre o risco de ninguém se importar com a lição de moral no final. Mas e se for uma lição de moral óbvia, que a princípio todos nós deveríamos saber?

“Animais”, exibido no Panorama Paulista 5, responde. E o faz com maestria. Toca no ponto que fala, sim, que os humanos são animais.

É doido como nas discussões sobre sustentabilidade é escrachada uma dicotomia: homem versus natureza. Como se o homem estivesse apartado da natureza. Mas trago novidades: nós somos animais, logo, fazemos parte da natureza!

E não estou falando que as discussões sobre sustentabilidade são infundadas etc. Não é isso. Mas é muito mais assertivo quando o humano é colocado como parte integrante do meio ambiente. É aqui que “Animais”, dirigido por Guilherme Alvernaz, vence.

E vai além: afinal, o que é ser humano? Como se constrói esse processo de humanização? É claro que o filme não tenta esgotar essas questões, mas traz fatores importantes, como as relações numa sociedade, o saber lidar com o fato de que cada ser é unicamente singular (!), e a interação com o meio.

Entretanto, quando uma incerteza nasce, não se sabe se ela tem origem interna ou externa. No caso, eu não entendi o dispositivo do filme. Subitamente, o ambiente muda. O que aconteceu para que a imagem celestial se tornasse um umbral? Essa é uma dúvida minha ou é uma questão aberta no filme? Com o desenrolar da história, essa dúvida é enterrada, até virar insignificante para a obra.

A animação traz ainda um detalhe gritante: a esperança que vive nas próximas gerações depende do agora. E por mais que tudo isso seja óbvio, ainda é ignorado com sucesso. Logo, qualquer lembrete é mais que válido. É essencial.

(Cauê Vinicius)

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