Sutileza narrativa do cotidiano
Um retrato do cotidiano e da espera: esse seria um ótimo resumo para “Carol”, de Francisco Guarnieri. O filme, baseado em personagens reais, conta a história de Lucas, um menino de 13 anos que aguarda a chegada de Carol, sua irmã mais velha. A narrativa, completamente minimalista, mostra a espera de Lucas, enquanto seu pai dorme até tarde. Ele se ocupa de atividades comuns a uma criança de sua idade: joga videogame, atende o telefone e anota recados, vai ao supermercado e compra mantimentos para casa. Sozinho, ele se ocupa enquanto espera a chegada da irmã.
O filme é econômico no número de planos e torna a espera ainda mais longa. A se destacar, o plano fixo sem correção, em que Lucas joga tênis no videogame. Sua movimentação dentro do quadro é muito semelhante ao do próprio jogador de tênis e por isso, muitas vezes, ele fica fora de quadro, por manter a liberdade do jogo. Além disso, a relação que se estabelece entre Lucas e seu pai durante a espera por Carol é muito rica; eles se mostram muito próximos e também demonstram enorme carinho pela irmã/filha, mencionada e lembrada o tempo todo. O filme tem esse poder de estender o tempo e deixar o espectador ansioso pela chegada da menina. E quando ela finalmente chega, o filme termina, ou seja, o fim da espera é também o fim da narrativa. Nada mais precisa ser dito. (Renan Lima)
“Carol” está no Panorama Paulista 3.