AQUELA ESTRADA

O que vale é o caminho…

Na produção amazonense “Aquela Estrada”, dirigida por Rafael Ramos e exibida na Mostra Brasil 7, conhecemos Omar, que tem uma entrevista de emprego, mas resolve seguir numa viagem de carro com desconhecidos. Embarcamos juntos nessa viagem, pensando na conversa de bar que abre o filme; afinal, “o que vale é conhecer pessoas”. E seguimos nos flertes, em olhares que sobrevoam as coisas, pessoas e paisagens. Pegamos juntos a bela ponte que liga o nada a coisa nenhuma.

Como é bom poder ver uma cidade distante pelo olhar de quem mora ali, sem o risco do olhar que exotifica e cria tipos pouco tridimensionais, e em sua maioria folclóricos, pra distrair olhar cansado da vida sudestina.

Como é engraçado/curioso. também. ir com uma sede especifica nessa matéria e de repente se “surpreender” com a mesma vida que temos aqui. Embora a paisagem nos traga uma natureza distante, com rios, mangues e mata típica de região, o material humano é diverso como aquele em que esbarramos nas ruas de São Paulo, composto de um povo jovem , bonito, com cara de tudo e de nada ao mesmo tempo.

O filme tem uma sensualidade natural e duas curiosas cenas de sexo que parecem saídas do sonho/desejo dos personagens. Imagens do inconsciente em que, ao final, somos atormentados pela violência, ou pelo tempo que cobra… E o que seria aquele homem cabeça de caixa, com grandes olhos, armado e nu que nos persegue?

A trilha e seu desenho de som trazem importantes colaborações para o filme, principalmente aquela que se ouve durante o maior tempo de projeção, “7 Mantra”, da banda Luneta Mágica. É uma música de transe/coral de vozes, um mantra mesmo, como o nome anuncia e que, junto com as imagens, forma um imenso caleidoscópio que gira.

E se eu pegasse outra estrada hoje, sem me importar com o destino e só seguisse, mesmo que fosse uma liberdade com prazo, com hora de começar a volta, ainda assim é uma estrada que vale a pena? A frase pixada no muro, quando o carro arranca na última sequência, parece dizer que sim.

(Ande Romano)

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