Sem fronteiras

A filmografia de Jorge Furtado concilia humor e ironia, a exemplo do longa-metragem “O Homem que Copiava” (2003) e do premiado curta “Ilha das Flores” (1989). Agora, o diretor volta às telas com “Até a Vista”, vencedor no Cine PE 2012.

Na história, um cineasta estreante em longas e encantado com um romance decide ir até a Buenos Aires tentar adquirir os direitos autorais para adaptar a obra para o cinema. Ao encontrar o autor e dar seu lance, recebe uma contra-proposta inusitada: trazê-lo para o Brasil e ajudá-lo a encontrar um antigo amor em Belém.

Os personagens são divertidos e carismáticos; envolvem a plateia e, ao mesmo tempo, cutucam desde o próprio fazer cinematográfico até a comum rixa entre brasileiros e argentinos. Além do excelente roteiro, destacam-se a trilha sonora e a montagem, que contribuem para dar o ritmo. A ironia é fina, o humor, inteligente. E a herança portenha vai além do sotaque do personagem Borges Escudero.

Produzido pela Casa de Cinema de Porto Alegre, o filme compõe a série televisiva “Fronteras”, apresentada por Juan José Campanella (“O Segredo dos Seus Olhos”) e produzido pela 100 Bares. A série passa por diversos países da América Latina para debater justamente o tema do título.

Os demais episódios estão disponíveis na internet e são uma oportunidade para conhecer a produção audiovisual dos países vizinhos. “Até a Vista” é um exemplo de que as parcerias cinematográficas entre os dois lados das fronteiras, com o perdão do clichê, podem dar muito mais gingado ao tango e mistério ao samba. Cheguem mais, hermanos! (Camila Fink)

“Até a Vista” está na Mostra Brasil 2.

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