Diversidade latina

chuva nos olhos

A Mostra Latino-americana 4 traz cinco curtas onde as relações entre pessoas, o cotidiano e a cidade são os temas recorrentes, mas tratados de maneiras diferentes.

Começamos com o documentário de Esteban Arguello, Trabalhando Ainda (Todavia Trabajando), onde o cineasta de maneira simplista retrata em imagens o dia a dia de sua avó na Argentina e a narrativa fica por conta das ligações que a avó faz para o neto que está na China. O curta trabalha bastante a questão do deslocamento, a avó que tem medo de parar de trabalhar e mudar de casa consequentemente e o neto, um cineasta argentino tentando viver na China.

O drama mexicano de Anais Pareto A Calçada (La Banqueta) envolve três homens, amigos de infância que seguiram rumos diferentes em suas vidas e se reencontram no lugar onde costumavam conversar e conviver como irmãos – na calçada. Em todos os momentos um dos personagens segue triste e cabisbaixo, mesmo quando estão todos se divertindo ele está com o semblante triste. No final todos eles tem o mesmo semblante e refletem sobre o que eram e no que se tornaram. Diferente dos dramas que em geral relatam a vida de uma garota, ou de um casal, como no filme Anqas desta mesma sessão, A Calçada consegue trazer uma visão bem masculina desse gênero.

Uma Cuba, pobre, com dificuldades, porém feliz é o que nos mostra Jorge de Léon Amador através do curta Felicidade (Felicidad) Através das imagens do cotidiano difícil de algumas pessoas da Ilha ele consegue nos mostrar um sorriso a cada cena. A câmera se entrosa com as pessoas e é bem aceita, um senhor chega até a dançar para ela e logo depois somos conduzidos a uma festa onde o diretor optou por nos deixar ouvindo música clássica enquanto víamos as mulheres se requebrando ao som de alguma música popular, fazendo essa fusão entre o popular e o erudito, a pobreza e a felicidade.

Anqas traz a angustiante espera da mulher que aguarda seu marido voltar para casa depois de anos trabalhando para a empresa de plástico. Os dois escrevem um para o outro por meio de carta em forma de diário e temos mais um filme narrado. É interessante a inserção de algumas cenas em animação que tem um aspecto de tricô e da subjetividade que o curta aborda o assunto tornando – o mais interessante.

Fechamos a sessão com o belíssimo e delicado Chuva nos Olhos (Lluvia en Los Ojos) uma animação mexicana de Rita Basulto. O filme aborda o primeiro contato da menina Sofia, de sete anos, com a morte, que através do relato de como quebrou seu braço nos convida a brincar com ela e a investigar pra onde seu avô foi que não levou suas coisas, nem sua câmera para mostrar as fotos quando voltasse, nem seu rinoceronte de estimação.

Danielly Ferreira

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