Todos os caminhos levam a Braxília

Braxília é uma aldeia dentro do Brasil, dentro de Brasília, é a Pasárgada de Nicolas Behr. O poeta, assunto do curta de Danyella Proença, escava as suas raízes pela terra proferindo as palavras de Tolstoi: “cantes a sua aldeia e será universal”. Embora não existam ônibus que levem a Braxília, a diretora nos dá uma carona em 35 milímetros até a Pasárgada de Behr.

O filme tem a forma da cidade, simétrico, limpo, branco e geométrico, racional. As poesias se misturam às paredes, as palavras se confundem com o autor que relembra. Relembra de uma juventude revoltada, de um convívio social que se esvanece. O contato do transporte público, a quantidade de vias, a escassez de caminhos. Nenhum ônibus vai até Braxília, no entanto, todos os caminhos para ela indicam. O aleatório, as manifestações são, segundo o poeta, os pedaços de Braxília que brotam de Brasília.

Seu passado constrói seu presente, uma idéia resumida tão claramente por Rilke, outro poeta citado por Behr: a infância é a única pátria do poeta e ele é um exilado. Foi na infância que Nicolas Behr seguiu para Brasília e perdeu seu pé de manga; seu cenário bucólico de Alberto Caeiro foi bruscamente substituído pelo concreto de Niemeyer. Em meio ao concreto nasceu o poeta, seu desejo final: morrer na cidade que adotou como lar. (Mariana Serapicos)

“Braxília” está na Mostra Brasil 9.

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