FAROL INVISÍVEL
Resistência ao tempo
O farol é invisível, mas ao mesmo tempo está intrinsecamente ligado à vida de quem mora próximo da confluência dos rios Pinheiros e Tietê. Assim se desenrola a obra documental “Farol Invisível”, de Bruna Callegari, exibida no Panorama Paulista 3 e que refaz o significado daquele monumento que resistiu ao tempo, inserindo-nos no espaço onde se localiza.
Ao começar com relatos pessoais do cotidiano de moradores que estão adjacentes ao misterioso farol, o curta exibe uma série de imagens da região e das pessoas acostumadas à sua presença. Muitos o reconhecem como algo que um dia já foi importante, porém não sabem ao certo o porquê de ele estar ali, já que não há nenhum tipo de transporte fluvial naqueles rios.
Com cuidado, logo após os depoimentos, o filme nos mostra vídeos propagandísticos que registram o projeto de uma São Paulo que parou no tempo e nunca saiu do papel. De fato, o crescimento desenfreado da metrópole engoliu o planejamento urbanístico da época, e até a própria utilidade daquele mirante, que se tornou obsoleto.
“Farol Invisível” nos leva a refletir sobre o abandono de uma cidade, devorada pela rapidez de seu próprio recrudescimento e resquícios no meio de uma nova e incessante metrópole. O farol exemplifica esse cenário e faz um paralelo do novo com o antigo.
Apesar da obsolescência do farol, nota-se que os cidadãos ao redor procuram ressignificar a obra, de acordo com o documentário. Isso faz com que haja um reconhecimento, tornando-a um símbolo daquela região, localizada na zona oeste de São Paulo.
(Ana Luísa Pasin)