Amor próprio
por Andréia Figueiredo
O Panorama Paulista 2 com toda a certeza foi uma experiência inesquecível. Saí da sessão ansiando por mais. Por mais do mesmo e mais de obras incríveis e cativantes que te encantam daquele modo sutil. O meu favorito foi o Guida, que pelas palavras da diretora Rosana Urbes, se trata de “uma homenagem a tudo que é velho”. E assim com essa citação, é que passamos a entender mais sobre a história.
O curta-metragem é todo feito pela técnica tradicional de animação em 2D e cria ambientes com formas harmoniosas, belas e verdadeiras, que insere automaticamente o espectador nesse novo universo. A história gira em torno da personagem Guida, uma mulher mais velha e com algumas rugas, que tem uma vida cômoda e sem grandes emoções, vivendo em uma eterna rotina como arquivista há 30 anos. Porém, isso muda ao encontrar um anúncio de jornal que diz que se procura modelos vivos para posar, fazendo-a se interessar.
A poesia do roteiro está inteiramente na procura do que nos motiva, inspira e faz com que nos sintamos vivos. No começo do filme, fica claro que a personagem não se sente bem com o que vê no espelho, simplesmente não aceita que os anos passaram e que sua juventude se foi, o que nos é mostrado quando se recorda de sua aparência quando jovem. Ao ter a iniciativa de posar como modelo vivo, tendo que estar completamente nua, Guida acaba por se libertar de seus medos. Isso nos faz refletir sobre o papel da arte como meio de expressão artística do indivíduo e sua importância para o mundo.
Trata-se definitivamente de uma história de amor. Além disso, da certeza que não importa a idade, o que aconteceu e o que ainda tem a acontecer, a vida está constantemente se renovando. Frequentemente não percebemos as oportunidades que nos rodeiam com o único objetivo de adquirir qualquer forma de crescimento. Guida retrata a beleza da velhice e a mais antiga e complicada história de amor: o amor que envolve amar a si mesmo.