CRESPOS

Bullying em ambiente escolar

A necessidade de se falar sobre representatividade, racismo e classe está tomando cada vez mais espaço, graças à luta do movimento negro, seja por independentes ou partidários, pessoas que resistem no dia a dia em um sistema preconceituoso e com hegemonia branca, fardo de uma dívida histórica e social.

A ditadura do cabelo liso, da pele clara e do corpo magro ainda impera na publicidade e nas mídias, entretanto, podemos começar a perceber o ganho dos turbantes, da diversidade e dos cabelos crespos, mesmo que a passos lentos.

Mas há um grande desafio. Como abordar isso dentro da escola? Com uma juventude em formação que suga tantas e tantas referências das redes sociais e televisão?

Exibido no programa Oficinas Brasil e também no programa Juvenil, “Crespos” nos posiciona a debater e refletir sobre todos esses temas, alinhado às dificuldades de ser quem você é no ambiente escolar, que pode vir a ser tão opressor quanto qualquer outro ambiente social. O curta nos traz uma narrativa simples, dentro de uma escola de ensino fundamental, onde o bullying nessa época tende a ser feroz.

A protagonista, negra e de cabelos alisados, se encontra numa difícil situação sobre se reconhecer e extrair de fato sua personalidade, e o cabelo passa a ser um grande passo de resistência. Leve, o filme retrata uma realidade comum e ações que podem ser corriqueiras na escola, trazendo uma ideia que difunde uma discussão além das telas.

Dirigido por Paulo Igor Freitas e produzido no Distrito Federal, o curta serve como disparador para reflexão. A abordagem de questões negras, LGBT e de gênero nas escolas é assunto que gera polêmica. Mas é inevitável tocar nesses assuntos e reconhecer que há necessidade de debatê-los entre a juventude em idade escolar. A violência e a falta de informação se canalizam em opressão, e nessa idade se transformam em grandes traumas.

O filme nos garante essa leveza no assunto e cria uma reviravolta positiva, tendo como base a representatividade e o altruísmo, estimulando a sermos quem queremos ser. Apesar das dificuldades, podemos ter boas surpresas.

(Luiz Gonzaga de Souza)

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